isa_viw
15/06/2024
𝙩𝙝𝙚 𝙞𝙣𝙫𝙞𝙨𝙞𝙗𝙡𝙚 𝙗𝙤𝙮 1
Numa noite chuvosa, lá estava eu, Hades, na minha casa, sozinho, esperando os meus pais chegarem de uma viagem de trabalho.
Eu odeio quando eles têm que ir nesse tipo de trabalho, porque sozinho eu não consigo ficar calmo.
Isso tudo por causa desses bichos, essas coisas que se escondem e ficam me observando. Cada movimento, cada passo meu, eu odeio eles.
E lógico,uma criança falaria isso para os meus pais... eles até chegaram a me levar no psicólogo quando eu era criança.
Mas eu fui diagnosticado como uma criança com imaginação fértil. O que não faz sentido algum! Às vezes essas coisas deixavam-me hematomas no corpo. Eu mostrava para o meu pai. Ele se preocupou no começo, mas chegou um momento em que ele falou que eu que fazia aquilo comigo, o que não era verdade.
No fim, ele me espancava para aprender a ser homem de verdade e para com essas bizarrices e tal, enfim, agora eu não sou mais uma criança, não preciso da proteção deles, sei-me virar sozinho!
Então, na medida que cresci, eu só escondi ter melhorado para não ser taxado como louco pelos meus próprios pais... Eu não queria que eles ficassem contra mim também, como ele...
— É melhor parar de pensar no passando e ir para cama. — digo enquanto um suspiro pesado deixa os meus lábios.
Ao levantar-me, um ruído vem da cozinha bem à minha frente, eu olho fixamente para lá por alguns segundos e a minha mente começa a sabotar-me, com imagens de sombras. Começo a suar frio... Como se o meu corpo avisasse-me para sair de lá. Sem pensar duas vezes, eu corro para as escadas que dão para o meu quarto, e cada passo que dava parecia ter alguém atrás de mim, muito perto de mim... O frio na espinha só aumentava e, com ele, o desespero. Mas, sem nem perceber, eu já não estava mais nas escadas e sim na porta do meu quarto, encosto na maçaneta com a mão suada e fria. Praticamente joguei-me para dentro do quarto, fazendo a porta fazer um barulho estrondoso.
Pulo para a cama, cobro-me inteiro, não deixando nenhuma parte do meu corpo descoberta. Com a respiração ofegante, eu durmo com medo e sozinho... Pelo menos eu achava estar.
— Hum?— Reclamo, com o barulho chato e alto do relógio, indicado que já é hora de acordar e ir para a prisão que costumam chamar de "escola"
Levanto da cama com uma preguiça maior que o meu corpo e vou direto para o banheiro. Tomar um banho, já que eu estou fedendo a jaula de urubu. No meio da água, a minha mente faz-me lembrar-me de ontem e daquela sensação horrível nas escadas. — Chega! — Lanço e saio do banho, visto-me com o uniforme e escovo os meus dentes. Mas eu sei que a minha mãe vai-me mandar escovar de novo porque eu nem temei café ainda — "volte já para cima, menininho, e limpe esses dentes de novo!"- uma imitação da mãe faz eu sorrir e ficar animado para receber a minha bronca diária dela.
— Falando na mãe, será que ela e o pai já chegaram?— Saio do banheiro e a primeira coisa que vejo é a porta do meu quarto que antes estava fechada, agora aberta.
Imagino que quem abril foi o pai ou a mãe, provavelmente o pai, porque ele nunca bate a maldita porta. Saio do quarto e desço a escadaria a procura deles — mãe? — Sem resposta, pai?— Ninguém respondeu, mas um som veio da cozinha... Dá-me arrepios mesmo de dia por conta de ontem à noite, mas deve ser só a mamãe.
Entro na cozinha e não vejo ninguém, mas tinha alguém antes já que deixaram a chaleira no fogo.
— Porra! Porra!— Vou até o fogão correndo antes que a cozinha entrasse num mar de chamas. Quando eu consigo chegar perto da chaleira fervendo, eu paraliso poucos centímetros dela, a minha respiração fica descontrolada e os meus olhos começam a queimar. — MÃE?!— grito ao ver minha mãe no chão...
Contínua…